terça-feira, 23 de junho de 2009

Fim da infância

O que eu não daria para voltar à infância um dia?
Sentir de novo aquela sensação de paz
Fechar os olhos, ver os pássaros ouvir sua melodia

Hoje abro os olhos e só vejo meus fantasmas no armário
Vejo meus monstros embaixo da cama
Sinto falta dos meus super heróis
Sinto falta do meu mundo, aquele onde tudo era possível
E não esse onde tudo é previsível

Falta-me também aquela alegria q eu tinha
Tão feliz antes,
Antes dos rostos se tornarem invisíveis, nomes dispensáveis, pessoas descartáveis
Antes dos falsos amigos, das falsas lições, que eu nunca devia ter aprendido
Pq Deus, não me permite voltar um pouco antes? Enquanto eu ainda entendia
Enquanto ainda me entendia
Enquanto não me perdia

Doces segundos com gosto de eternidade
Onde a única lenda verdadeira era sobre os monstros
Hoje vivo uma situação paradoxal
A lenda verdadeira é encontrar boas pessoas no mundo real
Sonho utópico de uma mente sem sentido

Antes de a luz virar sombras, antes da troca virar suborno
Antes da competição desleal, antes do fim da verdade
Antes das mentiras planejadas, antes dos sorrisos que enganam
Antes de uma sonhadora se transformar em uma covarde escondida sob as cobertas

Se eu pudesse voltar talvez fizesse diferente
Não ajudaria ninguém
Não fecharia os olhos
Não sorriria tanto
Não sonharia
Sonhos são para fracos, fracos como eu, que acabam como eu
Não acabaria assim

Se alguém me perguntar algo porem, digo oq muitos não dizem
Eu já pulei de precipícios, já dancei tangos com a morte
Já morri, e continuei viva
Já vivi (e vivo) mesmo estando morta
Já viajei em foguetes, viagens q duravam apenas uma noite
Posso te contar coisas q sua mente nem imagina
Posso ainda me surpreender com coisas banais
Posso me adaptar a tudo
Só não posso esquecer
Esquecer que o preço de tudo foi caro demais
Dividido em três prestações iguais
Meus sonhos, minha esperança e por ultimo minha alma

Sei que não posso voltar, me resta evitar olhar para trás
Já estou de mente e olhos bem abertos, e de coração bem fechado
Já prometi a mim promessas q não irei de forma alguma descumprir, não mais
Aprendi aos poucos a andar sobre o fogo e não me queimar
A sofrer e não chorar
A lidar com tudo sozinha, por não ter com quem contar
Me falta aprender a me acostumar com o simples fato de ter me tornado um monstro
Apenas mais um daqueles monstros, andando na multidão.

2 comentários:

  1. Seu post me lembrou 2 trechos de 2 canções. Sei lá, não consegui não pensar nessas 2 músicas enquanto lia... Talvez elas lhe valham de alguma coisa. Talvez não. Qualquer coisa, é só deletar o comentário ^^

    "Eu apenas queria que você soubesse, que aquela alegria ainda está comigo, e que aquela ternura não ficou na estrada, não ficou no tempo presa na poeira" (Eu apenas queria que você soubesse - Gonzaguinha)

    "Tantas veces me mataron, tantas veces me morí, sin embargo estoy aquí resucitando. Gracias doy a la desgracia y a la mano con puñal, porque me mató tan mal y seguí cantando

    Cantando al sol como la cigarra después de un año bajo la tierra, igual que sobreviviente que vuelve de la guerra" (Como la cigarra - María Elena Walsh)

    Sem juízos de valor, um lindo texto o teu.

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  2. O que Ricardo sabia? Também não sei... Tem uma galera achando exatamente isso, que Ricardo sabia que Clarice não queria nada daquilo e não estava nem aí. Ou será que Ricardo sabia de mais alguma coisa? Não faço idéia.
    E quanto ao que Clarice não queria, será que ela não queria coisa alguma, ou não queria aquela situação específica? Será que ela queria alguma coisa? Sinceramente não me importo, o que importa é que ela não queria.
    É muito interessante porque as pessoas vêm falar comigo e entendem no texto coisas que eu não tinha nem imaginado. rs Eu devo ter feito isso com você também quando te mandei os trechos acima (apesar de você ter dito que eles se aproximaram do seu sentimento ao escrever o post). E é esse justamente o barato da coisa, quando você posta o texto ele já não é mais seu, é de quem lê, a interpretação é realmente livre e única.
    Por falar nisso, aguardo os próximos posts.

    Abraço

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